quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Mudanças Climáticas ou Aquecimento Global?

Por Carolina Barnez Gramcianinov

Texto original: Tempo.com

Encontramos na internet ou na TV um monte de notícias sobre o aquecimento global. As vezes ouvimos a expressão "mudanças climáticas". Será que esses termos querem dizer a mesma coisa?

De forma simples, o aquecimento global é um dos maiores sintomas das mudanças climáticas causadas pelo homem.

Muitas vezes para dar um tom apelativo às reportagens e artigos usa-se aquecimento global como sinônimo de mudanças climáticas, gerando certos equívocos na transmissão de informações científicas. De forma simples podemos encarar o aquecimento global como um dos maiores sintomas das mudanças climáticas causadas pelo homem.

Aquecimento global se refere apenas ao aumento da temperatura média da superfície da Terra, enquanto mudanças climáticas é um termo mais genérico que abrange este aquecimento e seus efeitos secundários, como derretimento do gelo, aumento de chuvas ou períodos de seca em algumas regiões, aumento do nível do mar e etc. Além disso, normalmente o termo aquecimento global é empregado para falar do aquecimento causado pelas atividades humanas. Já mudanças climáticas engloba tanto mudanças causadas pelo homem quanto variações naturais do clima.

A elevação da temperatura média na superfície do planeta ocorre devido ao rápido aumento do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera provenientes principalmente da queima de carbono, petróleo e gás. O homem também pode influenciar o clima através da emissão de partículas chamadas aerossóis e transformação de paisagens, como desmatamento, por exemplo.

Por que falamos "Aquecimento Global"?

O termo aquecimento global foi usado a primeira vez pelo geoquímico Wallace Broecker em 1975 (Science). Naquela época os cientistas já percebiam que as atividades humanas podiam impactar o clima, porém, ainda não se sabia quais seriam as consequências. Qual efeito dominaria o clima? Resfriamento pela emissão de aerossóis ou aquecimento pela emissão dos gases de efeito estufa?

A tendência da temperatura global na superfície da Terra é positiva na maior parte do planeta. Áreas em cinza não possuem dados suficientes para o cálculo da tendência. Créditos: NOAA Climate.gov.

Em 1979, um grupo de cientistas estudou o impacto do dióxido de carbono (CO2) no clima. Nesse trabalho o termo de Broecker "aquecimento global" foi retomado para falar do aumento da temperatura média da superfície da Terra devido ao aumento do CO2 na atmosfera. No entanto, a expressão mudanças climáticas foi usado para discutir as outras consequências induzidas pelo aumento de CO2.

O uso do termo aquecimento global gera confusão quando mal explicado ou mal usado. Muitos questionam "como pode estar ocorrendo aquecimento global se tal região está ficando mais fria?" Apesar da temperatura em algumas regiões do globo estarem diminuindo, em outras a temperatura está aumentando ainda mais. Desta forma, quando se faz a média das temperaturas na superfície em várias regiões do planeta, observa-se um aumento.

Variabilidade Natural vs. Atividades Humanas

Muitos cientistas preferem usar o termo mudanças climáticas em seus estudos. Separar os efeitos da variabilidade natural dos efeitos causados pelo homem não é uma tarefa fácil e esse trabalho é feito através de simulações do clima em situações distintas - por exemplo, sem o aumento dos gases do efeito estufa por atividades humanas e com o aumento de emissões como temos hoje.

Sabemos que o planeta já passou por mudanças climáticas, mas a temperatura média global está aumentando mais rápido se comparado com registros prévios. Créditos: NOAA Climate.gov.


O planeta já experimentou mudanças climáticas ao longo de seus 4,54 bilhões de anos, com eras do gelo e períodos mais quentes. Porém o aumento atual da temperatura média global parece estar ocorrendo muito mais rápido que em qualquer outro ponto do nosso registro de temperatura. Por isso acreditamos que o aquecimento global é um tipo de mudança climática sem precedentes, e está gerando um série de efeitos secundários em nosso sistema climático.

Sobre Carolina B. Gramcianinov

Sou oceanógrafa pelo IO-USP, onde também fiz mestrado em Oceanografia Física. Sempre quis saber mais sobre o impacto do oceanos no tempo e clima da Terra, o que me motivou a entrar no doutorado em Meteorologia no IAG-USP. Meus maiores interesses estão relacionados à física dos oceanos e atmosfera e seus impactos em outros processos ambientais e nas atividades humanas. Acredito que um entendimento integrado dos fenômenos meteológicos e oceanográficos é fundamental para a compreensão do sistema climático e previsão do tempo e estado do mar.  A autora já publicou outro post aqui no blog, relembre: https://batepapocomnetuno.blogspot.com/2017/10/os-furacoes-e-seus-nomes.html

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Uma breve história do Big-Bang ao alvorecer da vida: Parte V

Por Amanda Bendia

Sobre a Astrobiologia: será que estamos sós no Universo?






Uma das perguntas que mais nos intriga é: será que a vida surgiu uma única vez no planeta ou podemos considerar múltiplas origens para a vida? Para responder à essa pergunta precisaríamos voltar há mais de 3,5 bilhões de anos atrás e como isso não é possível, necessitamos recorrer à filosofia da ciência.
Existem basicamente duas correntes de pensamento opostas sobre esse assunto: a contingência e o determinismo. A contingência sugere que, devido às condições tão específicas e raras que propiciaram um conjunto de moléculas químicas a formarem um ser vivo, a vida na Terra teria surgido uma única vez.
Os deterministas, por outro lado, dizem que estas condições não são tão raras assim, e como leis químicas e físicas provavelmente governaram a emergência da vida, seu surgimento seria inevitável.  O determinismo indica a origem da vida como um evento plural: pode ter ocorrido diversas vezes em nosso planeta e também além dele, em outros corpos do sistema solar e de outros sistemas planetários.
Considerando que já detectamos bilhões de estrelas em inúmeras galáxias, parece razoável imaginar que em algum lugar do Universo as condições necessárias surgiram e a vida poderia também ter se originado. O ramo da ciência que estuda essa possibilidade é denominado Astrobiologia e com as ferramentas modernas multidisciplinares da Astronomia, Biologia, Física, Química e Engenharia, podemos estar cada vez mais perto de descobrir se há algum tipo de vida fora da Terra.
As questões sobre a origem da vida são discutidas desde os primórdios da humanidade e seu assombroso mistério sempre intrigou desde os mais céticos aos mais religiosos. As religiões exerceram um papel fundamental no início das civilizações ao preocuparam-se em discutir assuntos sobre de onde viemos, quem somos e como a vida surgiu.
Como nossos antepassados não tinham as ferramentas modernas, o pensamento religioso e principalmente filosófico foi essencial para a evolução de seu conhecimento. O conhecimento construído ao longo da história da humanidade foi o alicerce para o desenvolvimento das ferramentas científicas e tecnológicas atuais, que estão nos possibilitando estar cada vez mais perto de desvendar o grande mistério.
É importante destacar que o pensamento filosófico é até hoje fundamental no embasamento científico. Ele nos faz quebrar paradigmas e enfrentar as barreiras do conhecimento. A nossa capacidade de pensar por meio da filosofia e da ciência e produzir tecnologia é uma das características que nos diferencia dos demais organismos. Estamos cada vez mais avançando sobre os mistérios da origem da vida, mas sempre nos perguntamos se um dia vamos desvendá-lo totalmente.
É difícil responder à essa pergunta, uma vez que jamais iremos conseguir reproduzir todas as exatas condições que estavam presentes há bilhões de anos. Seja esse mistério desvendado ou não, permaneceremos sempre fascinados ao imaginar que alguns átomos produzidos após o Big-Bang se combinaram bilhões de anos depois, formando uma vida capaz de questionar a sua própria existência.


E assim encerramos a nossa série "Uma breve história do Big-Bang ao alvorecer da vida".

Perdeu ou gostaria de reler as partes anteriores? 
Clique para acessar:


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Desafio Oceano Limpo - Tétis/UFSC



Todos os anos, cerca de 10 milhões de toneladas de lixo acabam nos mares e oceanos, sendo que a categoria mais encontrada é a de plásticos. Esses resíduos são carregados por ondas, correntes e pelo vento, podendo ser encontrados no meio dos oceanos e em áreas remotas. O problema, contudo, torna-se mais aparente nas zonas costeiras, onde as atividades humanas estão presentes.






Pensando nisso, a Tétis, empresa Júnior de Oceanografia da UFSC, elaborou um projeto chamado Desafio Oceano Limpo, que propõe um mutirão de limpeza de algumas praias em Florianópolis, com o objetivo de conscientizar a população com o descarte correto do lixo e promover a educação ambiental.

O Desafio Oceano Limpo foi organizado pela primeira vez ano passado e para isso, foram realizadas limpezas no período entre 23/09/2017 e 22/10/2017 em 10 praias de Ilha da Santa Catarina. A população foi convidada para participar das ações para ter uma vivência da situação e ser sensibilizada quanto a esse grande problema ambiental. Após a coleta, todo lixo foi separado por materiais e quantificado seguindo a metodologia da Ocean Conservancy. Os dados da triagem foram enviados para o banco de dados internacional da Ocean Conservancy e também para a Campanha Mares Limpos realizada pela ONU Meio Ambiente. Depois de triado, todo o plástico recolhido foi enviado para a Terra Cycle, uma empresa de reciclagem; os materiais recicláveis restantes (vidro, metal, isopor, borracha) foram enviados à Associação de Catadores de Florianópolis e o restante dos materiais (rejeitos) foram destinadas à COMCAP (empresa responsável pela coleta de resíduos sólidos e pela limpeza pública de Florianópolis).



Para 2018, o Desafio Oceano Limpo prevê a realização de atividades em cinco praias da Ilha de Santa Catarina: 15/09-Mole; 22/09-Campeche; 29/09-Canasvieiras; 06/10-Armação; 13/10-Daniela. Quer participar? Basta acompanhar o cronograma na página da Tétis (http://tetisej.wixsite.com/tetis/oceano-limpo) ou nas redes sociais (https://www.facebook.com/desafiooceanolimpo/).




Um dia. Um planeta.Um objetivo.

O Desafio Oceano Limpo/2018 começará no dia 15 de setembro. Essa data foi escolhida, porque nesse dia milhões de pessoas em 150 países unirão forças para realizar as atividades de limpeza,  constituindo uma das maiores ações sociais na História humana. O objetivo principal é envolver 5% da população nesta causa. A construção da ideia acontece com ações, onde se unem pessoas de diferentes classes sociais, escolaridades, credos, idade, gênero, etc, para um bem em comum, indo além da limpeza do ambiente e ajudando a incluir cidadãos mais conscientes na nossa sociedade.

Além de participar das atividades nas praias, também é possível baixar o app World Cleanup Day para sugerir locais para serem realizados mutirões de limpezas, classificação dos tipo de lixos encontrados e da quantidade encontrada.  

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

“Não tem como recuperar”

Por Raquel Moreira Saraiva


Foto: Eduardo Melon.


Incêndio no Museu Nacional deixa gerações de pesquisadores órfãos


“Como resgatar um espécime-tipo de uma coleção? Como resgatar algo que foi coletado há 50, 100, 200 anos? Como resgatar 200 anos de acervo?”. O professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Luiz Norberto Weber foi um dos cientistas que ficaram órfãos na noite do último domingo (02 de setembro) com a maior tragédia museológica do país, a destruição do Museu Nacional (MN) no Rio de Janeiro em decorrência de um incêndio.

Muitas coleções do Museu foram inteiramente perdidas. “Coleção de mais de 5 milhões de insetos foi embora, não sobrou nada, virou cinza. É um perda de anos e anos de estudo, de depósito em coleção e gasto de energia. Tudo foi reduzido a pó em poucas horas”, afirma Weber. De acordo com a BBC News, circula entre os pesquisadores a informação de que os armários onde ficavam as coleções de insetos se quebraram e foram queimados quando o terceiro andar, onde estavam, desabou.

Como muitos cariocas, o primeiro contato do pesquisador com o Museu foi ainda na infância. “Era comum nossos pais nos levarem para a Quinta da Boa Vista. Lá tem um zoológico, também tinha o Museu, e nós frequentávamos o local”. Como estudante de graduação do curso de biologia, Weber voltou ao local como estagiário e, anos depois, como mestrando e doutorando, entre 1994 e 2004.

“Geralmente as pessoas vinculam o museu a um acervo associado à exposição pública. Mas o museu também é dotado de vários departamentos e laboratórios vinculados a diversas expertises. Ele também concentra um grande número de coleções científicas e, no meu trabalho, eu estava muito vinculado a pesquisar esses bichos que existem em coleção científica, desenvolvendo pesquisa a partir da observação desses animais”, diz, ressaltando que não poderia desenvolver o mestrado e o doutorado se não tivesse tido acesso às referidas coleções científicas.

Perdas

As coleções que auxiliaram Weber não sofreram com o incêndio porque ficavam em um prédio anexo ao edifício histórico - As coleções de vertebrados, herbário, alguns meteoritos e fósseis, uma biblioteca de 150 anos com quase 500 mil exemplares e parte da coleção de invertebrados também estão a salvo. O Centro de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) do Departamento de Invertebrados do Museu Nacional, por outro lado, foi inteiramente destruído. “Quando eu cheguei lá, senti como se tivesse em um pesadelo e fiquei esperando eu despertar. Eu não pude entrar, mas a minha sala [localizada no térreo] tinha janela na fachada e pude ver, mesmo distante, a destruição”, lamenta a técnica do MEV Camila Messias.

Estimativas iniciais de pessoas que trabalhavam no Museu indicam que cerca de 90% do acervo pode ter sido perdido. A biblioteca de Antropologia e de Ciências Sociais do museu, o acervo de Línguas Indígenas, com gravações desde 1958 dos cantos em muitas línguas sem falantes vivos, o mapa étnico-histórico-linguístico original com a localização de todas as etnias do Brasil - único registro datado de 1945 - e toda a coleção egípcia teriam sido totalmente destruídos. “Não tem como recuperar, você não recupera uma coleção, você recomeça a partir do zero. É lastimável”, diz o professor Weber.

O levantamento e o resgate do acervo que sobreviveu não têm prazo para serem concluídos. Embora a dimensão material da tragédia ainda não tenha sido determinada, pesquisadores lamentam a perda de anos de produção científica, de história e cultura. "Perdemos acervos únicos, história, conhecimento cientifico, anos de dedicação de funcionários e alunos que juntos tornavam o Museu Nacional, com todas as dificuldades, um lugar e de beleza e riqueza sem igual", diz Anaíra Lage, doutora em Zoologia pelo Museu Nacional.

Descaso

Apesar das reformas e manutenções recentes que o laboratório tinha passado no último mês, Camila Messias conta que a falta de conservação do prédio dava sensação de insegurança. “O Museu era uma bomba relógio. Cheio de coleções com espécimes em líquidos inflamáveis e com a História do Brasil dentro dos muros. Foi um ataque a nossa cultura”. 

Segundo levantamento feito pelo jornal El País, atualmente o Poder Executivo investe mais na lavagem dos 83 carros oficiais da Câmara dos Deputados e na manutenção do Palácio da Alvorada, que está desocupado, de que os cerca de R$ 206 mil que estavam destinados ao MN em 2018 - há cinco anos esse orçamento flutuava entre R$ 1 milhão e R$ 1,9 milhão anualmente. De 2015 para cá, além do orçamento cada vez mais minguado, só 2 dos 49 parlamentares do RJ demonstraram preocupação em angariar recursos para o Museu Nacional . 

O descaso com o Museu, segundo as fontes ouvidas pelo Bate-papo com Netuno, é antigo e conhecido pelos alunos, professores e funcionários que ali conviviam. “Existe um descaso com a cultura, a ciência e o conhecimento no Brasil. É impressionante, isso parece até um projeto político, com relação à cultura e conhecimento em ciência”, diz Weber. “Apesar de todos os percalços, o museu era abraçado por quem estudava lá e por quem era vinculado como funcionário”, acrescenta Weber.

“Para a maioria dos estudantes o museu era como uma casa, afinal, muitos passavam mais tempo no museu que nas suas próprias casas. No MN as coleções eram um pedacinho da gente, e cada um, a seu jeito, cuidava para preservar o que tinha ali”, conta a doutoranda do Museu Nacional Anaíra Lage. Ela defendeu a tese na última sexta-feira (31) e perdeu toda a papelada no incêndio. 

“Os documentos da minha defesa e a tese impressa foram queimados junto com a secretaria da pós-graduação. Agora é aguardar a PPGZOO se reorganizar para darmos continuidade ao trabalhos da casa. Mas isso é o de menos. A dedicação dos funcionários é destacada pela técnica Camila Messias, que também era estudante de Ciências Biológicas da UFRJ. “Muitos professores tiravam dinheiro do próprio bolso, criaram dívidas, para aumentar suas coleções viajando pelo mundo. Pessoas deixaram famílias para se dedicar ao Museu e à pesquisa”

Além da omissão do poder público, o desconhecimento do Museu e da sua importância entre os brasileiros ficou evidente com a tragédia. O Museu não entrava no roteiro dos turistas que visitavam o Rio e, mesmo entre os cariocas, não é difícil encontrar quem nunca tenha visitado o local.

"Os motoristas de Uber que me levavam ou me buscavam lá sempre comentavam que iam ao Parque Municipal Quinta Da Boa Vista, mas que nunca tinham entrado no Museu. Os brasileiros não têm a mínima noção do que perderam", diz Cristina Branco, que desenvolveu o projeto do doutorado no Museu e hoje faz pós-doutorado no Smisthsonian Museum, em Washington DC.

Memórias


Pesquisadores do mundo inteiro visitavam o Museu para desenvolver suas pesquisas nos mais diversos campos do conhecimento, como antropologia, paleontologia, oceanografia, biologia e história. “Cada item na coleção fez parte da construção do que temos de conhecimento hoje. Muitos outros fariam parte se tivesse tido tempo de serem estudados”, ressalta Camila Messias.

“Embora vários alunos e ex-alunos meus não conhecessem o museu fisicamente, eles conheceram através de mim. Ao passar informações e conhecimento, de certa maneira todo mundo que passou pelo Museu é um apêndice, como se fosse um meio replicador de todo o conhecimento adquirido lá. E não vai ser mais possível fazer isso”, lamenta Weber.

Foto: Luiz Norberto Weber (primeiro da esqueda) participando como membro de uma banca de doutorado, em uma das salas dos Museu que não existe mais. (Acervo pessoal).

Quem visitou o Museu ao menos uma vez certamente tem alguma boa lembrança: o imponente prédio histórico, as exposições e as coleções científicas impressionavam os visitantes novos e não deixavam de encantar os velhos conhecidos.

Foto: Anaíra Lage.

“Andar no museu era um retorno ao passado, era gratificante poder andar por aquelas escadarias, corredores e adentrar os laboratórios, que infelizmente não existem mais... Aquele referencial físico que eu tinha do museu acabou”, diz Weber.

Colaboração: Gabrielle Souza

Sugestões de leitura:

“Museu Nacional: De dinossauros nunca identificados a línguas extintas, o que a ciência perde com o incêndio” por Camilla Costa, BBC News Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/amp/brasil-45404257#click=https://t.co/dhfYG32wYT

"Hope emerges for Brazil museum specimens after devastating fire", por Reinaldo José Lopes, Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-018-06192-9

"Orçamento para lavar carros de deputados é quase três vezes maior que o do Museu Nacional", por Afonso Benites, El País. https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/04/politica/1536015210_491341.amp.html 

Entrevistados


Cristiana Castello Branco faz pós doutorado em sistemática e estuda esponjas de mar profundo. Fez graduação e mestrado na UFBA e doutorado no Rio de Janeiro. Passou 4 anos frequentando o Museu quase diariamente e fica feliz de ter levado os pais para conhecer o local e as coleções expostas.

Luiz Norberto Weber desenvolve pesquisas de taxonomia de anfíbios. Professor da UFSB, ele começou a carreira como estagiário do setor de paleontologia do Museu. Carioca, Weber mora em Porto Seguro (BA) mas ia ao Museu matar a saudade toda vez que visitava o Rio.

Camila Simões Martins de Aguiar Messias, é técnica de laboratório do Centro de Microscopia Eletrônica de Varredura do Departamento de Invertebrados do Museu Nacional e estudante de Biologia da UFRJ. Ela acredita que o incêndio foi um ataque a todos que fazem ciência e que poderia ter sido evitado. Ela trabalhava no Museu desde 2014.


Anaíra Lage trabalha com esponjas e defendeu o doutorado no Museu no último dia 31. A última visita à coleção ela fez em junho, na inauguração da exposição sobre os Corais e os 200 anos do Museu. "A ala inaugurada estava linda, cheia de detalhes nos quais era possível ver a dedicação e o carinho que a exposição foi pensada e montada para o público", lembra.