quinta-feira, 27 de julho de 2017

Ressurgência Costeira

Por Gabrielle Souza

   Você já ouviu falar no fenômeno chamado “Ressurgência”? Sabe do que ele é capaz? Hoje no Descomplicando Netuno nós vamos explicar para você!


   Ressurgência também conhecida como “upwelling” (em inglês) consiste no afloramento da água fria e profunda para a superfície. Próximo da costa, este fenômeno ocorre, principalmente, por causa da ação dos ventos, que ao soprar paralelamente a costa, empurram a água da superfície fazendo com que ocorra a substituição da mesma pela água profunda. A figura abaixo ilustra como este processo ocorre. Mas não é qualquer vento que pode gerar a ressurgência! Ele precisa ter a direção certa, e estar no lugar certo!

Imagem adaptada: National Oceanic and Atmospheric Administration U.S. Department of Commerce (NOAA). Fonte: https://oceanservice.noaa.gov/facts/upwelling.html

   Mas você já se perguntou qual a importância da ressurgência?! A água profunda ajuda na “fertilização” das águas superficiais, pois é rica em nutrientes (Post sobre fertilização). Assim sendo, o processo de ressurgência auxilia na manutenção da cadeia alimentar. E como isso funciona?! Na cadeia trófica marinha os organismos estão localizados em níveis, ou seja, o fitoplâncton como produtor primário, serve de alimento para o zooplâncton, que serve de alimento para diversos peixes, que servem de alimentos para predadores de topo de cadeia, como, por exemplo, os tubarões. Deste modo, a ressurgência reflete na produção de peixes, pois quanto mais nutrientes disponíveis, maior a quantidade de fitoplâncton e consequentemente maior a quantidade de zooplâncton, aumentando a quantidade de alimento para os peixes. 

   Na costa brasileira, o principal ponto de ressurgência é a região de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. Durante o verão com o aumento da frequência e intensidade dos ventos de nordeste as águas profundas afloram e ficam mais frias nesta região. Por isso, por mais calor que esteja, dar um mergulho é tão sofrido em diversas praias fluminenses.


Para saber mais: 





Referências

GEOGRAPHIC, National. Upwelling: Upwelling usually results in rich fisheries.. Disponível em: <https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/upwelling/>. Acesso em: 15 jul. 2017.

SCHOOLS, Science Education Through Earth Observation For High. Quando a água retorna do fundo do oceano.Disponível em: <http://www.seos-project.eu/modules/world-of-images/world-of-images-c03-p21.pt.html>. Acesso em: 15 jul. 2017.

COMMERCE, National Oceanic And Atmospheric Administration U.s. Department Of. What is upwelling?: Upwelling is a process in which deep, cold water rises toward the surface.. Disponível em: <https://oceanservice.noaa.gov/facts/upwelling.html>. Acesso em: 15 jul. 2017.

LALLI, Carol M.; PARSONS, Timothy R.. Biological Oceanography An Introdution. 2. ed. Vancouver, Canadá: The Open University- Set Book, 1998. 337 p. Elsevier Butterworth-Heinemann.

SILVA, Gustavo Leite da et al. ESTUDO PRELIMINAR DA CLIMATOLOGIA DA RESSURGÊNCIA NA REGIÃO DE ARRAIAL DO CABO, RJ. -, Rio de Janeiro, p.1-11. Disponível em: <http://www.enapet.ufsc.br/anais/ESTUDO_PRELIMINAR_DA_CLIMATOLOGIA_DA_RESSURGENCIA_NA_REGIAO_DE_ARRAIAL_DO_CABO_RJ.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2017.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Um documentário sobre salmões e mulheres cientistas

Por Jana M. del Favero





   Em um dos meus primeiros posts aqui no blog, escrevi sobre o documentário “Mission Blue”, que conta a história da incrível bióloga marinha Sylvia Early, e suas ações pró oceano (releia aqui).

   Recentemente assisti outro documentário que me tirou o fôlego e resolvi compartilhar com vocês, pois ele abrange todas as sessões desse blog: “ciências do mar”, “vida de cientista” e “mulheres nas ciências”.

   O documentário “Salmon Confidential” (Salmão Confidencial) relata a luta da bióloga Alexandra Morton para salvar os salmões selvagens da Colúmbia Britânica, Canadá. A bióloga mudou para a região para estudar as orcas, mas após relatos do aumento da mortalidade de salmões selvagens, decidiu investigar o que estaria causando essas mortes. Analisando os salmões selvagens encontrados mortos, ela encontra uma doença originária da Noruega e que já devastou fazendas de salmão em outros países, como o Chile. Como a região onde os salmões selvagens estavam morrendo possui diversas fazendas de criação do peixe, a pesquisadora tenta dialogar com os fazendeiros e pedir salmões para estudar... A partir daí começa uma batalha: os fazendeiros não liberam espécimes para estudo e lançam relatórios alegando que eles mesmos analisaram e que os salmões de cultivo da região estavam saudáveis. Mas a pesquisadora não desiste, analisa os salmões cultivados na região encontrados em supermercados e passa a observar, mesmo de longe, as fazendas dos peixes. O caso vai parar na justiça e a batalha continua, envolvendo os pesquisadores e os pescadores de salmão selvagens (prejudicados com a alta mortalidade) contra os fazendeiros e o governo (que fica do lado de quem lhe dá maior retorno financeiro!).

   E é exatamente por isso que esse documentário é de tirar o fôlego, ele aborda diversas questões polêmicas: cultivo versus pesca; o preconceito que a bióloga Alexandra Morton sofre por ser mulher em um ambiente dominado por homens, os entraves burocráticos, a dificuldade de fazer uma pesquisa sem apoio e o fato do governo escutar e apoiar o lado que lhe dá maior retorno financeiro sem analisar os fatos!

Fazenda de salmão na Colúmbia Britânica, Canadá (Fonte: http://www.salmonconfidential.ca)


A bióloga Alexandra Morton (Fonte: http://www.salmonconfidential.ca)



   Portanto, estoure sua pipoca, assista esse documentário que está disponível online e deixe sua opinião nos comentários. Adoraria escutar vocês!


   Para assistir o documentário (infelizmente só consegui em inglês e sem legenda): http://www.salmonconfidential.ca


   Para acompanhar as notícias via Facebook: https://www.facebook.com/SalmonConfidential/


   Para saber mais sobre Alexandra Morton e sua luta:

sexta-feira, 14 de julho de 2017

13 anos de faculdade

Por Ana Lidia Salmazo 

Ilustração: Lídia Paes Leme 
   Era agosto de 2004, eu tinha 19 anos e após uma doença grave e repentina, perdi meu pai, meu chão, minha estabilidade e principalmente minha concentração nos estudos. Na época, eu fazia cursinho, pensava em cursar medicina, era boa aluna e disciplinada. E então, foram uns quatro meses de tristeza, apatia e total desinteresse até que chegou a hora do vestibular...


   Fui na banca de jornal (é pessoal, a internet fez maravilhas pelos sedentários!!) e comprei meu manual/ficha de inscrição da famosa e temida FUVEST, o vestibular mais concorrido do país...amarelei e não tive coragem de prestar medicina.



   Nesta época, uma das revistas que vinham no “pacote FUVEST” era uma lista, com uma pequena descrição de todos os cursos oferecidos pela USP, em ordem alfabética. Ao consultar a possibilidade de prestar Odontologia, me deparei, pela primeira vez na vida com a descrição de “OCEANOGRAFIA”. Logo eu, pseudo-futura surfista, que amava a praia, o mar, a maresia e já tinha assistido “Procurando Nemo” umas mil vezes... Fiz uma pesquisa rápida, assisti uma reportagem que dizia que “oceanografia é a profissão do futuro” e me decidi. Prestei. Passei. Fui. 

   Eu não tinha a menor ideia em que eu estava me metendo! Minha vida mudou completamente, foram sete anos da experiência mais profunda que já passei e claro houveram muitas coisas boas e muitas coisas ruins.


   Dentre as coisas boas, minha vida social e minha independência deram um salto quase quântico! Fui morar “sozinha” com um monte de gente maravilhosa, fiz amigos e principalmente amigas incríveis, tive contato com pessoas cultas, malucas, intelectuais, diferentes, acadêmicos famosos e esquisitos de todos os tipos. Foram muitas quintas na ECA (Escola de Comunicação e Artes) e tardes no CEPE (Centro de Práticas Esportivas), vários perrengues de grana e da minha nova vida adulta, mas só posso dizer que, neste sentido (e em muitos outros) a USP foi uma grande Universidade para mim e me “formou” de várias maneiras, mesmo que eu nunca tenha um diploma que mostre isso.


   Me lembro também de alguns professores que, mesmo em meio ao meu desinteresse acadêmico, conseguiram me tocar e me ensinar algumas coisas, e depois vieram a ser muito importantes na minha vida. E, claro, as viagens de campo!!! Só quem já fez uma viagem assim, no início da faculdade, com a turma toda da sala, sabe o quanto é divertido. Me lembro tanto das práticas, que tornam qualquer curso mais tolerável, quanto das noites de “confraternização” com os colegas com a mesma nostalgia e saudades... (Ah! A juventude!)

   Agora, a parte complicada: eu cursava Oceanografia, na USP, que é um curso de exatas, oferecido em São Paulo, capital. E, apesar de ter algumas disciplinas de geologia, química e biologia, o curso tem muitas matérias pesadas de exatas. Tem cálculos (vááááriosss), tem mecânica dos fluidos (disfarçada com outro nome e um professor que, digamos, leva jeito em reprovação em massa), tem programação (que eu inventei de fazer com uma turma da FÍSICA, à noite!!! Pensa num arrependimento!), geofísica, ondas e marés... É muita matemática ! Além disso, a maioria dessas disciplinas eram pré-requisito para alguma outra (ou outras) e quando você pegava uma dependência já estava um ano a mais na faculdade no mínimo, sem choro nem vela!


   Então, comecei a entrar numa bola de neve. Após seis anos na universidade, faltavam poucas matérias, em sua maioria de exatas, para terminar, mas eu iria levar mais três anos para cursá-las, caso não reprovasse de novo em nada. Eu não gostava do curso, não tinha tesão de estudar, muito menos aquele monte de equações bizarras, e naquele ponto não me via como oceanógrafa ou tinha alguma ideia do que ou onde gostaria de trabalhar, caso me formasse algum dia. Além disso, precisava trabalhar, de 6 a 8 horas, 6 dias na semana de garçonete, no restaurante mais lotado da cidade. Estava sempre cansada, insatisfeita, atrasada e deprimida. Então, tomei a melhor e mais difícil decisão da minha vida. Larguei tudo.

   Tranquei a faculdade, pedi demissão, entreguei meu apartamento em São Paulo e voltei para Campinas. Demorei um ano, nessa nova reviravolta, para me conhecer e repensar. Nesse momento, um emprego diferente apareceu. Guia de eco-turismo e professora em campo!!! Conheci muitos lugares e pessoas e no final, acabei conhecendo a mim mesma.

   Descobri meu amor pela natureza, por lugares simples, mas ricos de verde, de energias e de cheiros. Descobri que gosto de ensinar, que tenho encantamento pelas crianças e suas sabedorias inatas. E que eu realmente gosto de saber. Gosto de aprender e até de estudar (vejam só! Depois de ter crises de pânico na iminência de uma prova de Cálculo IV, eu redescobri o prazer de sentar e estudar!!) e comecei a estudar possibilidades. 

   Decidi estudar Biologia, principalmente pela beleza desta ciência, que investiga os mais complexos processos que envolvem o surgimento, a evolução e a manutenção da vida no planeta. Mas também pela minha facilidade na área, além de já ter bastante bagagem da primeira universidade. É, alguns decidem suas carreiras aos 17, outros, aos 26.... 

   Comecei, então, tudo de novo! Agora na era digital, pós governo Lula, me inscrevi no ENEM, pela internet mesmo! E passei na UFSCar, sem precisar de vestibular!! Gosto muito do curso! Me interessa e me intriga a maioria dos assuntos. Estudo, quase tudo, por prazer, sou uma boa aluna novamente e tive a chance de estudar um ano na Suécia, pelo programa federal Ciências sem Fronteiras! 

   Como a vida é uma caixinha de surpresas, dentre todas as áreas e possibilidades da biologia, hoje estou no último ano, fazendo meu Trabalho de Conclusão de Curso com microbiologia marinha, no laboratório de plâncton! Acrescentando nessa nova descoberta de carreira aquele velho amor pelo mar que me fez embarcar em toda essa viagem. 




Ana Lídia Salmazo, quase oceanógrafa, quase bióloga...

terça-feira, 11 de julho de 2017

III Congresso de Conservação Marinha (ConMar)

O ConMar está chegando e ainda dá tempo de se inscrever! Ele visa à integração de conhecimentos entre diversos projetos de conservação marinha e seus pesquisadores, no intuito de colaborar com novas ideias que ajudem a mitigar os imensos problemas sofridos pelos oceanos.


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